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terça-feira, 26 de julho de 2011

NÃO SE PODE EXTERMINÁ-LOS?


A Moody’s baixou o rating da Grécia para o limiar absolutamente mínimo, abaixo do qual se deixa de estar no lixo e se entra na falência. Decreto de morte para a Grécia.


Isto acontece uma semana depois de as instâncias que mandam na união europeia terem acordado conceder à Grécia um empréstimo de quase cento e sessenta mil milhões de euros.


Vale a pena tirar daqui algumas consequências.


O capitalismo financeiro internacional chegou a um limite de total abjecção. Abjecção que nos cerca e nos quer destruir.


Com o poder absoluto que conseguiu conquistar, este supremo estádio do capitalismo digno do tribunal de Nuremberga, passou a usufruir da suprema e criminosa legitimidade que lhe permite decretar o genocídio eugenista de todos quantos considera serem incumpridores das regras neo-liberais que estão inscritas em letras de ouro na sua cartilha. A fase da absoluta hegemonia da moeda, do dinheiro, da especulação e do lucro.


O capitalismo que temos hoje passou à fase 1984 do Orwell, aquela fase que o Orwell tinha atribuído ao poder estalinista soviético e que é a do poder inteiramente discricionário, autocrático e obscuro que controla tudo e todos.


O próprio presidente dos USA está neste momento na mira do fogo das agências que servem o poder obscuro da ditadura do capital financeiro, o homem foi ameaçado pelas agências de rating.


Tudo o que vem acontecendo desde há três anos aponta para um novo espectro que ameaça muitos países, principalmente, os países europeus que foram inscritos na lista de futuros países prontos para a bancarrota.


É esse espectro que agora decide sobre os nossos salários, sobre o nossos direitos, que nos retira os subsídios de desemprego, o abono de família, que decide quantas freguesias e concelhos e que é podemos ter, que decide quem é que pode mandar os filhos à escola, que decide quem é que tem direito a um hospital ou a um médico, que decide quanto é que vamos pagar para andar de metro, de comboio ou de autocarro, que decide o que é que podemos ver na televisão ou ler nos jornais.


É um espectro, são deuses desconhecidos cujo poder omnisciente decide quem vai viver e quem vai morrer.


Esse poder omnisciente acaba de decretar, pela voz dos lacaios das agências de rating, quantos gregos deverão ser sacrificados, decidiu que a Grécia não tem futuro.


Em breve, esse decreto poderá alargar-se às vítimas que estão na lista dos futuros insolventes, Portugal, Irlanda, Itália, Espanha, Bélgica, Irlanda, Estados Unidos…


Alguém anda a conspirar, alguém anda a empurrar tudo isto para uma nova guerra de grandes proporções e não me parece que seja aquele louco assassino da Noruega.


Serão loucos, serão assassinos, mas têm outros meios.


O que é que nós vamos fazer quando esses gajos nos atirarem para o último dos últimos níveis, abaixo do qual somos declarados falidos?


Pagamos impostos, trabalhamos, não causamos distúrbios, respeitamos os direitos deste e daquele. Nem sequer manifestamos na rua.


Somos brancos, somos pretos, indianos, cristãos, muçulmanos, europeus, africanos, homens ou mulheres, crianças ou adolescentes, gays or not, trabalhamos, quando temos emprego.


Levamos os filhos à escola, à creche quando ela existe, pagamos bilhetes no autocarro, compramos o passe, pagamos as contas no supermercado, não andamos a roubar nem a matar e, então, como é que vêm estes gajos que ninguém conhece, que ninguém sabe donde é que vêm, nem quem é que os elegeu, como é que vêm esses gajos mandar na nossa vida, como é que eles nos vêm punir, castigar, reduzir-nos à miséria?


Será apenas porque resolvemos entrar para a CEE e para o euro?


A Grécia é atirada para o limiar da bancarrota pela Moody’s.


Concentremo-nos nessa gente. Quem são, quem é que os controla, o que é que os banqueiros e os capitalistas da nossa praça ganham com eles. Por alguma razão lhes pagam, devem ter algum interesse nas cabalas em que esses gajos andam envolvidos.


Há por aí cumplicidades criminosas.


De que é que serviu a cimeira europeia?
Não resolveu o problema dos gregos, é o que parece.


Deu-nos a ilusão de que talvez a crise tenha solução, de que talvez não sejamos empurrados para um lugar escuro no centro da terra sem luz e sem oxigénio.


A questão é que nós portugueses, nós gregos, irlandeses, espanhóis, italianos, nós soi disant europeus, nós não decidimos nada, não controlamos nada, estamos apenas a correr atrás do prejuízo e não fazemos ideia sobre o que é que vai acontecer amanhã.
A Europa! A união europeia é uma perigosa e redundante utopia, a união europeia é um laboratório de criminosas experiências.


Larguemos a Europa e concentremo-nos em objectivos mais realistas e inteligentes.


Sejamos anti-capitalistas e anti-moody’s.


Não se poderá exterminá-los?
Era a pergunta do dramaturgo alemão Karl Valentin nos anos da grande depressão, pouco tempo antes do Hiler subir ao poder.

Olhemos para o Atlântico, somos atlânticos, não somos europeus. Somos mestiços com a África e o Brasil.



Façamos uma comunidade com os nossos irmãos atlânticos do sul, sem agências de rating. Uma comunidade de democracias, de povos inventivos, livres, solidários e livres. De gente com laços fortes entre si, de gente tolerante.


A Europa tornou-se um cemitério, um espaço de morte e de desgraças. Quais federalismos, qual o quê. Deutschland über alles?


Salvemo-nos enquanto é tempo!


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