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terça-feira, 2 de agosto de 2011

SINGAPURA À VISTA



A regra não mudou e provavelmente nunca mudará, cada um de nós tem uma margem de liberdade muito limitada. Dependemos da lógica dos Estados e dos interesses que os dominam, não podemos fazer nada, não temos poder.


As nossas vidas, nós os que estamos aqui agora, nós os que já cá estiveram, nós os que vão vir ou que vão nascer, todos nós somos, fomos e seremos manipulados em nome dos superiores interesses dos Estados.


À manipulação de interesses que determinam as relações de força entre Estados é costume chamar-se ordem internacional.


Nesta matéria, o problema principal que vivemos hoje é que não existe propriamente uma ordem internacional.


Vivemos num período de transição e de incertezas entre a velha ordem baseada no equilíbrio do terror, aquele equilíbrio que existia até à queda do muro de Berlim entre duas superpotências.


Dum lado, a “cortina de ferro” da União Soviética e do Pacto de Varsóvia, do outro, o “mundo livre”, o mundo dos pintainhos dormitando sob as asas da mãe América e da Nato.


Vivemos agora, desde há alguns anos e não há sinais de melhoria, numa transição entre qualquer coisa que já não existe e outra que muito provavelmente vai ser muito pior.


Os sinais desse admirável mundo novo estão à vista, precisamos de nos esforçar em perceber o que é que aí vem.


A América está falida, a América perdeu o controle de si própria, nas antigas pradarias das guerras entre brancos e peles-vermelhas prepara-se uma guerra social tremenda, uma guerra que não será apenas entre americanos.


Sejamos optimistas, dessa guerra, sabe-se lá, podem resultar coisas boas. Mas uma guerra é sempre uma guerra e haverá forçosamente muitas perdas. Talvez se avance para a profecia de Marx. E, das ruínas do capitalismo avançado, talvez possa nascer uma nova sociedade sem exploradores nem explorados. Adelante.


Quanto à Europa, a chamada união europeia é uma ficção, está perdida, não tem poder, não tem influência, a Europa auto-devora-se numa espécie de guerra civil conduzida pelos especuladores do capitalismo financeiro do norte contra os países do sul.


Os mercados é quem mais ordenha, os mercados sabem.


O Obama assinou o acordo com o Tea Party e Wall Street terminou a sessão em forte baixa. O mesmo aconteceu com todas as praças europeias.


O Sarkozy convocou uma reunião extraordinária do parlamento francês para princípios de Setembro, por causa da “crise grega”, leia-se a crise do euro.


O Zapatero, coitado, teve que anular as suas férias, os juros da dívida soberana espanhola voaram.


O Berlusconi convocou uma reunião de emergência dos seus peritos financeiros, não sei se anulou as férias, em todo o caso, ele tem sempre o ar de quem está de férias.


Os chineses assistem a tudo isto, riem-se discretamente, mas não é um sorriso amarelo. É um sorriso que não disfarça o seu contentamento, principalmente por causa das cenas do Capitólio americano entre democratas e republicanos.


O russo Putin, com o seu ar de superman falhado, acusa a América e os americanos de viverem à custa da economia mundial.


O franco suíço chega praticamente à paridade com o euro, o euro começou a sua descida aos infernos.


Parece que voltámos a 1939.


Onde está aquele ponto fixo e credível que nos diz onde é que estão a ordem internacional e os lugares e as relações entre Estados, economias e mercados? Quem não sabe o que fazer e tem bastante dinheiro de lado, volta-se para um país neutral, volta-se para a neutralidade suíça, compram francos suíços.


Os suíços ficam preocupados, os europeus levam as mãos à cabeça, não sabem o que fazer.


Querem melhor sinal da nova desordem internacional e de tudo o que se avizinha?
Por enquanto, ainda temos a Suíça.


Não faltará muito, os “nossos” capitalistas viajarão com as suas poupanças para Singapura. Sempre estarão mais próximos da China. Nunca se sabe!



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