“Grândola, Vila Morena”, cantada em Madrid numa
manifestação contra a guerra capitalista do empobrecimento. Vi e ouvi essa cena
extraordinária, cena emocionante transmitida hoje pela televisão.
“Grândola, Vila Morena”, cantada há dois dias nas
galerias do parlamento português quando o primeiro ministro português, conhecido
e notório serventuário do neo-fascismo
da alta finança internacional, se preparava para falar. Cena extraordinária e
emocionante.
Falar, falar, o tal de primeiro-ministro aparece
todos os dias. Lá vai ele tentando enganar o povo, lá vai ele manipulando, hoje
diz uma coisa, amanhã o seu contrário. Lá vai ele tentando desarmar as estatísticas
que o contradizem. Quem é que ainda tem paciência para ouvir o que esse tipo e
os seus capangas têm para nos dizer?
O homem preparava-se para papaguear, caiu-lhe a
Grândola em cima, ficou sem discurso.
Exemplo a seguir. Eles querem falar, retire-se-lhes
a palavra, calemos o bando que tomou conta do país, o bando que nos sequestrou,
este bando ao serviço do neo-fascismo financeiro que decidiu roubar-nos a alma
e os haveres.
Eles persistem em discursar e aldrabar-nos, retiremos-lhes
a palavra, cantemos. Cantemos o Grândola, cantemos a resistência a este novo
fascismo, criemos novas expressões orais e públicas de combate à ditadura do
euro, à ditadura da união soviética europeia e dos seus mandatários troikistas,
à ditadura dos novos ricos que engordam com a crise, à ditadura dos ministros que
trabalham para o Goldman Sachs e os bancos alemães.
Na semana passada, tive o privilégio de ouvir o
Paco Ibañez na Gulbenkian. O homem já tem quase oitenta anos, mas a voz
continua quente, continua a ser um guerreiro da palavra dos grandes poetas hispânicos,
contra as injustiças, contra os fascismos. Cantou como em Maio de 1969 quando
tive também o privilégio de o ouvir no pátio da Sorbonne iluminado por um luar incandescente,
soberbo e cúmplice.
Foi muito oportuna a vinda do Paco, cantor e resistente,
valenciano, basco e catalão, latino-americano, ibérico. Vinda mais do que oportuna,
sim, porque voltámos aos anos das ditaduras. Ditaduras que agora não são apenas
ibéricas. São as ditaduras comandadas pela união soviética germânico-europeia
ao serviço da alta finança internacional. Neo-fascismo, não vejo outra
designação para tudo isto que está a acontecer.
Neo-fascistas, mesmo se não têm tropas nem armas e
que, por enquanto, não praticam a tortura. Mas têm as agências de rating, dominam
a imprensa financeira internacional, têm os seus papagaios falantes, os gurus
da dívida pública e do défice. Obedecem a uma central clandestina e metafísica.
É a central a que chamam mercados! Os mercados mandam matar, mate-se, esfole-se!
Contra este fascismo, lutar, lutar. Cantemos,
pois, para não esmorecer, cantemos para vencer. Das fraquezas façamos novas forças.
A canção é uma arma. A
imaginação também. Wake up!
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