Feira das vaidades.
Falam, gesticulam,
apresentam números, mas ninguém responde à questão das questões: o que é isso
do pós-troika, vamos ter emprego, acabar com a recessão, quando, ou vamos todos
para a falência?
O ministro das finanças
diz que não sabe. De recuo em recuo, de previsão em previsão de quinze em
quinze dias, de orçamento em orçamento, o homem está cada vez mais parecido com
uma esfinge de si próprio, aparenta estar vivo, vai falando no habitual tom
soturno e incompreensível. Mas, de facto, se olharmos com mais atenção,
percebemos que o homem está morto.
Não tem plano B. Não
tem plano B quanto à rapina dos quatro mil milhões de euros, não tem plano B
quanto à resposta do governo à iminente decisão do Tribunal Constitucional, não
tem qualquer plano quanto às exigências troikistas. Não sabe nada quanto ao
aumento do desemprego, nem quanto à recessão. Se lhe derem tempo e, se ainda
for ministro dentro de quinze dias, talvez consiga inventar novas previsões.
Feira das vaidades, o
ainda primeiro-ministro insiste que está tudo a correr como previsto. O presidente
da república vem-se gabar com o seu sorriso dos grandes dias, que há muito
tempo tinha dito que a união europeia não estava a agir como seria necessário.
Sente-se que ele se sente o maior.
É o maior mas não faz
nada, ocupa um cargo para o qual nem daqui a mil anos de experiência
governativa estaria preparado para ocupar. Mesmo que, para justificar toda essa
terrível incongruência que poderá contribuir para destruir um país, ele possa
apresentar como desculpa o facto de não ser pago por o cargo que não exerce, mas que ocupa.
No topo, no cume dos tops dos políticos profissionais dispensáveis lá está ele
em todo o esplendor da sua inutilidade.
Será que o homem se
dá conta que o país está verdadeiramente à beira da bancarrota, além de já não
saber o que fazer a todo o desespero que se acumulou durante os últimos dois
anos?
Quanto ao chefe do PS,
partido supostamente de alternativa ao governo, “jovem” líder que, com a sua pequena
corte de patéticos indefectíveis, se tem dedicado a proclamar solenemente todos
os dias que é preciso mudar de política e que o primeiro-ministro tem que pedir
desculpa ao povo português, bla bla, o que é que a gente pode esperar dum
político destes tipicamente da era do plástico? Alguém percebe o que é o homem quer?
Aquele outro tipo,
que é primeiro-ministro, na realidade já uma vez pediu desculpa, quais é que foram
as consequências desse acto de contrição? O Seguro Jota faz as suas
proclamações, chama para o seu lado um famoso personagem da mota-engil, um
outro coelho de sinistra memória. Tudo para apoiar as suas proclamações de
teatro de revista. Anda seguramente a gozar com o pagode.
Se quer mudar de
política, o que é que ele se propõe fazer para o devido efeito? Ou continua a
chatear-nos com as suas lengalengas ou mostra que é um político com eles no
sítio, não há muitas elucubrações a fazer sobre o assunto.
Ó meu, lembro-me
quando andavas lá pelo ISCTE com o teu ar satisfeito de patrão da JS, mas
estudar não era contigo. Achas que convences alguém? Se és um político sério,
sê consequente, vai a Belém e diz ao presidente que as coisas já foram longe
demais, que o Passos tem que ir embora e que, consequentemente, tu apresentas
uma moção de censura. Moção de censura é coisa de democracia, é coisa para os
momentos sérios, alguma vez pensaste nisso?
De que é que estás à
espera? Estás à espera que o Coelho siga o exemplo do presidente de Chipre? Esse
tipo, teu amigo de longa data e o seu outro amigo mais recente, mas amigo do
peito, o Vítor, não têm qualquer espécie
de plano B, C ou D, já não controlam nada, o que é que se te afigura como mais
provável que poderá vir a acontecer?
Essa gente do governo
psd-cds já cortou tudo o que havia para cortar, já nos massacrou com tudo o que
tinham à mão, o que é que ainda falta? Obrigar-nos a pagar para trabalhar de
borla?
Essa malta tem agora,
caído do céu, o exemplo cipriota. A tentação vai ser demasiado forte, vão às
poupanças do pessoal que acredita nos bancos, cobram 10% aos depósitos
bancários, arranjam os tais quatro mil milhões, resolvem o problema deles.
Olimpicamente, destroem o sistema bancário que o povo português tem andado a
pagar. Ficamos, então, mesmo falidos e sem bancos e, pior do que tudo, sem
qualquer espécie de auto-suficiência para nos podermos governar, comer, beber,
tratar da saúde, andar de combóio, mandar os filhos para a escola, a lista tem
muitas páginas.
E, a partir, daí,
quantos mais anos de austeridade troikista vão ser necessários para
reconstituir alguma coisa que seja credível e que sustente a economia e os
desgraçados atirados para a valeta, as gerações jovens que tiveram a desdita de
terem nascido numa época dominada por governantes criminosos?
Ò meu, ò Seguro,
queres que seja sincero contigo? És muito verde, estás tão deslumbrado com o
lugar que ocupas como o teu sócio Passos Coelho, não tens envergadura para
afrontares uma situação como aquela que este desgraçado país atravessa. E isso
rima com o quê?
Rima com uma história
cujo enredo me parece óbvio. Sintetizemos em poucas palavras.
Primeira parte: à
falta de plano B, o governo Vítor-Pedro aplica as taxas cipriotas aos depósitos
bancários, guerra social inevitável, corrida aos bancos, pânico, bancarrota dos
ditos e arrogantes bancos que temos andado a pagar.
Segunda parte: a
tropa intervém, Junta de Salvação Nacional, by-by união europeia, by-by euro,
viva Portugal, by-by democracia, by-by geração jota. No passarán?
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