A comédia política portuguesa é cada vez mais
insuportável, uma feira de vaidades contínua, enquanto aumenta a miséria, as palavras
vão mudando de semana em semana, a agenda
política é como de costume manipulada por tipos que mandam nos jornais, na
televisão, gente que defende os seus interesses, que vai soltando umas ameaças,
o que está agora na moda é mandar descaradas mensagens ao tribunal
constitucional, tenham juízo, diz o sr. Ricardo Salgado do banco espírito
santo, o sr. Salgado que tem andado a roubar, há anos e anos, o Estado e todos
nós, que tomou conta e controla a PT, que não paga os impostos que deve,
ninguém se ocupa dele, há outros culpados mais à mão, reformados, funcionários,
gente na miséria a quem tiram o rsi, etc., etc. Há pessoal que sai para a rua
manifestar, mas isto já não vai lá com folclores…
Começou-se a falar das eleições presidenciais,
ainda falta tanto tempo, começaram os jogos da grelha de partida, já se
esqueceram as eleições autárquicas, no PS ninguém se entende, o Seguro
parece-se cada vez mais com o verso do Camões “vai formosa e não segura…”. Não
se fala, ou quase não se fala das eleições europeias. A novidade do dia parece
ser que o Assis vai ser o cabeça de lista do PS. Claro, o homem bem trabalhou
para isso, andou a empatar, a segurar o Costa para ele não avançar contra o
Seguro. Vai ser recompensado, é justo.
O que é sobra para todos nós desta interminável comédia?
Quando Portugal decidiu entrar para a CEE, houve
umas mentes brilhantes que aplaudiram efusivamente, muito bem, diziam eles, de
maneira cínica. Como não temos quem nos saiba governar, venha a CEE, esses
tipos são mais capazes, vão pôr o país na ordem, vamos ser ricos e modernos,
vamos ter dinheiro e auto-estradas, vai ser bom sermos europeus.
Pertencemos à união europeia, já lá vão não sei
quantos anos, temos a mesma moeda que os alemães, mas seremos europeus?
O que me parece é que não estamos melhor do que os
africanos colonizados pelo dr. Salazar. Tornámo-nos indígenas duma província europeia,
já fomos colonialistas, agora somos colonizados pela Alemanha, por Bruxelas,
pela Finlândia, pela Áustria, pela Holanda e por toda essa cáfila.
Eleições europeias, quais é que vão ser as
alternativas? Vai haver alguma escolha? Esquerda/direita, Portugal/União
europeia, Escudo/euro?
Preparemo-nos para ficar em casa, votar para quê?
Há muito tempo que deixou de haver euro-cépticos,
desde o BE até ao CDS, os partidos que andam para aí a pavonear-se é tudo a
mesma tropa, só juram por Bruxelas e por Berlim, não querem ouvir falar da
saída do euro, seria uma catástrofe, diz o BE, e os outros confirmam. Uma
catástrofe, os assalariados perderiam pelo menos 30% dos seus salários. E
quanto é que já perderam durante estes dois anos e meio de troika e
austeridade?
Em França, o Front National vai ter pelo menos 25%
dos votos, em Itália os grilistas talvez ultrapassem essa fasquia, no mínimo. Os
ingleses, mais ano menos ano, mandarão a ue dar uma volta, os húngaros já estão
nas bordas do fascismo, os romenos e os búlgaros estão praticamente proibidos
de passar as fronteiras, a extrema direita avança também na Áustria e na
Holanda, para onde caminha o paraíso europeísta de Bruxelas e Berlim?
Vale a pena discutir a comédia europeia? Sim, vale
a pena. Ou seja, vale a pena se houver alternativas políticas para serem
discutidas e votadas. Venham partidos novos, frentes, coligações, qualquer
coisa estilo movimento de libertação de Portugal. Qualquer coisa que não seja nem
fascista, nem napoleónico, nem bismarkiano, nem hitleriano, nem salazarento ou
mussoliniano, qualquer coisa que não cheire a nacionalismo bafiento, que seja
favorável aos povos da Eritreia e da Síria e se inspire da Europa de Johann
Sebastian Bach e de Albert Einstein.
Um movimento de libertação que nos livre da Angela
Merkel, da Marine Le Pen e do Obama/Bush.
Chega de troika e de NSA.
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