Zapata, Emiliano tinha 40 anos quando em 9 de Abril de 1919 foi assassinado numa armadilha montada por um general porfirista.
Vi essa cena no filme de Elia Kazan, por isso, sempre confundi Emiliano com o Marlon Brando montado no seu cavalo branco.
Na cena final, o herói e defensor dos peões mexicanos não tinha qualquer hipótese de defesa, mas provavelmente sempre soubera que esse momento iria acontecer do modo como aconteceu.
Não era ele que dizia que “é melhor morrer de pé do que viver de joelhos”?
Zapata, Orlando, canalizador, cubano. Terá sido por causa do apelido que se recusou também a viver de joelhos?
Que ousou desafiar e pôr o seu corpo, a sua vida num ténue prato de uma balança cujo contrário é o exorbitante peso do poder sem limites do sistema castrista e a sua criminosa indiferença perante os direitos de cada homem e de cada mulher à vida e ao bom nome, à liberdade, à democracia e à justiça?
Em greve da fome há dois meses e meio contra todas as prepotências de que foi vítima desde a sua prisão em 2003, Orlando Zapata foi a enterrar, hoje dia 25 de Fevereiro de 2010.
Tinha 42 anos. Viveu apenas mais dois anos do que Emiliano.
Coincidências, tristes coincidências.
Nesta mesma quinta-feira negra, um ex-metalúrgico, ex-sindicalista e em breve ex-presidente da república do Brasil, desembarcou em Havana, aparentemente alegre e bem disposto e ignorante da tragédia de mais uma vida aniquilada pelo castrismo.
No fundo, trata-se de uma questão de coerência. É que, por detrás das fanfarras do desembarque do sr. Lula da Silva na capital cubana, existe uma lógica irrefutável: não se pode ser ao mesmo tempo solidário com as vítimas e os fracos e amigo dos seus carrascos.
Coerência óbvia aos olhos do sr. Raúl de Castro e do seu irmão mais velho, que agradecem.
Shame on you, Lula da Silva. Já não bastava o também criminoso Ahmadinejad?
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