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terça-feira, 21 de dezembro de 2010

ROTTWEILERS




Rottweiler? A palavra é estrangeira, é alemã, tem a ver com um cão pastor dos Alpes, originário dos arredores de Rotweil. Cães são apenas cães, não tenhamos preconceitos. E estes rottweilers até tinham funções muito úteis, conduziam os rebanhos.

Mais tarde, tornaram-se cães polícia, porque eram agressivos, muito robustos, ágeis e resistentes.

A verdade é que costumo reagir mal, sempre que ouço esse nome, haverá muita gente que reage assim e com razão. Rottweiler, quando ouço a palavra, ela vem invariavelmente acompanhada por uma notícia que mete uma desgraçada vítima atacada por um cão, cujo dono passará o seu tempo a divertir-se porque o dito cão mete imenso medo. O problema é que isso não fica por aí, apenas pelo medo, e temos então mais uma desgraçada vítima do tal cão.

Mas o significado do conceito rottweiler tornou-se mais problemático na última semana, graças às indiscrições dos Wikkileaks.

A história é conhecida.
Um embaixador americano em Lisboa terá procurado sossegar os seus patrões de Washington na carta que lhes enviou sossegando-os quanto aos voos dos prisioneiros que iam para Guantánamo e passavam pela base das Lages. Escreveu o embaixador, o Governo português não era problema, o Sócrates e o Amado eram óptimos, estavam ajudar, não se preocupassem.
Havia apenas um pequeno problema, um pormenor de somenos, uma deputada do partido socialista, de nome Ana Gomes, ela tinha a mania de não largar o osso. Era uma rothweiler que continuava a insistir sobre o carácter ilegal daqueles voos de prisioneiros da CIA a caminho de Cuba-Guantánamo.

O embaixador gringo deve perceber imenso de cães, o que não é o meu caso. Cães ao largo, longe, não me meto com eles, espero que eles não se metam comigo, é assim que deve ser. Nada a acrescentar.

Mas, passei a ter dúvidas sobre os rottweilers e, na minha ignorância, até pensei, pensando no Bento XVI, passe o pleonasmo, até talvez sejam mais interessantes do que os pastores alemães.

Os rottweilers pelos vistos não largam o osso, são persistentes, isso parece-me bem, estão no seu papel de cães. Mas estes cães não são pessoas, haverá sempre necessidade de alguém que os controle. Ora, o embaixador americano parece dar a entender que alguém controlará a deputada Ana Gomes.

Ora, neste aspecto particularmente sensível e significativo e pertinente and so on, o sr. embaixador USA parece ter-se enganado.

É que a deputada socialista Ana Gomes não continua apenas a persistir quanto à denúncia da responsabilidade do governo português na sua cumplicidade com os crimes das autoridades americanas.
Agora, a deputada resolveu denunciar outras cenas vergonhosas do Estado português e seus altíssimos e digníssimos representantes e dirigentes. Não se limita a falar de Guantánamo e da base das Lages e das responsabilidades dos seus colegas de partido Sócrates e Amado. Agora acrescentou uma queixa à Comissão Europeia por causa do sinistro negócio dos submarinos alemães comprados pelo governo português.

Mas há aqui nesta denúncia um problema bicudo. Quem é que conduziu o sinistro negócio? Foi o primeiro-ministro português Durão Barroso. Quem é que vai apreciar a queixa da deputada Ana Gomes? O sr. Durão Barroso presidente da Comissão de Bruxelas.

Haverá outros rottweilers políticos prontos a atacar na cena política deste pobre e pequeno país? É que ossos apetecíveis e saborosos não faltam.

De todos, qual será o maior e mais gostoso de todos? O BPN, claro.

O BPN, aquele banco dos dilectos amigos e companheiros do doutor Cavaco.

O BPN, aquele promíscuo negócio “nacionalizado” pelo Sócrates e pelo seu dilecto ministro das Finanças, em nome do perigo sistémico da eventual falência do dito banco.

O BPN, aquele poço sem fundo que já custou quase cinco mil milhões de euros ao Estado português.
Ou seja, traduzido por coisas concretas que toda a gente entende, que já custou pelo menos os cortes no abono de família, no subsídio de desemprego, nos salários da função pública, o congelamento das pensões, os aumento de impostos, etc., etc.

Agora, o Sócrates e o Santos das Finanças resolveram investir mais 500 milhões no tal de BPN. Haverá alguém capaz de parar a diabólica engrenagem destas infindáveis mesadas? Rothweilers?

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