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quarta-feira, 29 de junho de 2011

CLIMA DE GUERRA


Os bancos mandam em nós, os bancos mandam nos governos que nós elegemos. Quem é que manda nos bancos?


Existe uma coisa chamada EBA (European Banking Authority) que eu desconhecia que existisse. Sou eleitor, embora não me sinta obrigado, voto sempre, mas não sabia que essa coisa, aparentemente, é quem decide sobre quais são os bancos de confiança e quais é que não o são. Dito de outro modo, essa coisa, soube hoje pelos jornais, tem o poder de decidir quais são os bancos que ficam pendentes entre ir para a falência ou, com um pouco mais de sorte, serem obrigados a pagar juros mais altos nos mercados.


Sabe-se que os bancos vivem do nosso dinheirito, é pouco e é cada vez menos, mas todo junto dá para juntar os milhões que vão passando pelos cofres das veneráveis instituições bancárias. O que me leva a deduzir de maneira talvez demasiado crua, mas porém verdadeira, que a tal EBA tem, sem que para tal tenha sido eleita, o privilégio e o supremo poder de decidir quem é que vai ficar ainda mais rico e quem é que, na melhor das hipóteses, vai passar a ficar a pão e água.


A história de mais este sinal da irreversível ascensão do fascismo financeiro na Europa, que já não se dá sequer ao trabalho de disfarçar as suas intenções, conta-se em poucas palavras.


Segundo o Público, a EBA “fixou como meta que, dos 91 bancos europeus submetidos aos testes de stress, pelo menos 10 chumbem”. Idealmente, vejam bem, esse número “não deverá ultrapassar os 15”.


O objectivo desta manigância é confessadamente o de “enviar a mensagem de que os exames foram sérios”. Porque se “apenas chumbarem sete bancos, como aconteceu há um ano, ninguém mais acreditará nos testes”. E, se - hipótese completamente absurda e académica, presumo eu - chumbarem 50, “nesse caso o sistema colapsa”.


Ficamos esclarecidos quanto ao que está em jogo nestes simulacros protagonizados pela venerável honestidade político-banqueira a que temos direito.


O sistema bancário em geral, e isto já dura há vários séculos desde que tal sistema nasceu, é suposto que ele seja credível e que suscite total confiança por parte dos depositantes e dos mercados. Negócio de gente séria, de instituições honradas, está visto.


Quando foi da crise das subprimes, sabe-se que as agências de rating avalizaram, deram nota altamente positiva a bancos como o Lehman Brothers, paz à sua alma. Essas agências e os seus raters sabiam o que estavam a fazer, sabiam que estavam a roubar e a condenar muita gente à falência e à miséria, na América e fora dela.


Fiquei hoje a saber que a alta autoridade de controle do sistema financeiro europeu de seu nome EBA, por razões que, na minha modesta opinião, se enquadram numa estratégia conspirativa de tomada do poder, está pronta a sacrificar pelo menos 10 bancos europeus de modo a que os outros 80 continuem a ganhar muito dinheiro graças aos juros mais do que exorbitantes que são impostos aos países chamados periféricos. E, desse modo, a contribuir para a rendição incondicional desses países.


Mas, pela minha parte, não fico inteiramente esclarecido quanto ao verdadeiro papel e estatuto dessa tal alta autoridade e tenho que perguntar: qual é a verdadeiramente altíssima autoridade que está por detrás da EBA, quem é, quem são os responsáveis, quem são os duces, os führer, os condottieri deste fascismo financeiro que passo a passo, degrau a degrau, hoje a Grécia, amanhã Portugal, depois de amanhã a Espanha, quem são os responsáveis deste fascismo, desta ocupação estrangeira que, para além de nos roubar o nosso dinheiro e o nosso pão, vai destruindo implacavelmente as nossas liberdades e as nossas democracias?


Quem são os responsáveis deste clima de guerra que ameaça a convivência, as trocas e negócios pacíficos entre povos do mesmo continente?



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