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terça-feira, 17 de maio de 2011

DSK, TROFÉU DE CAÇA DO SISTEMA AMERICANO


Plus dure sera la chute, é um velho provérbio francês.

Dominique Strauss-Kahn, de quem já aqui falei, teve demasiados sucessos, é um político demasiado brilhante, demasiadas invejas, demasiados inimigos.

Talvez demasiado vulnerável por gostar demasiado de mulheres. Mulherengo, o que para muita gente é um insulto que desqualifica.

Para o puritanismo politicamente correcto que domina os USA, mulherengo é sinónimo de pedófilo. Extermine-se.

DSK não era apenas a esperança da esquerda francesa. A sua mais que provável vitória nas eleições presidenciais francesas do próximo ano ameaçava ser uma espécie de tsunami varrendo o pântano germânico que acolhe as direitas e os interesses que dominam e exploram a Europa.

Para sair desse fundamentalismo capitalista, a Europa precisa duma esquerda ousada, realista e inteligente. DSK estava naturalmente indicado para essa missão.

Plus dure sera la chute…

Os americanos, os seus procuradores de justiça, a sua polícia, a sua imprensa, a sua televisão souberam interpretar à letra o provérbio francês.


As imagens que vi hoje na televisão não são a imagem de DSK.


São a imagem da América, são a imagem dum país racista, anti-europeu, dum país puritano, incapaz de ultrapassar os seus velhos complexos de país recente com pouca histórica e com pouco património próprio, um país crescentemente proto-fascista e tremendamente perigoso.



Nunca vi imagens dum político americano ser mostrado às câmaras de televisão após uma noite de interrogatórios, algemado como se fosse um terrorista que acabou de matar centenas de pessoas.



Vi o que vi e que toda a gente pôde ver, vi um político francês que tem sido apontado como o futuro presidente da república de França, que é presidente da principal instituição financeira internacional, sedeada na capital americana, vi este político europeu ser guilhotinado em público por funcionários americanos orgulhosos do seu papel.


O que essas imagens nos dizem é que este francês e europeu, por não ser americano, tinha demasiado poder.

A tudo isto acresce que, além de francês, o homem é judeu.

Tudo somado, tinha que ser humilhado e destruído à vista de toda gente.

As autoridades americanas não precisaram de recorrer à força especial dos SEAL que mataram o Bin Laden. Foi muito mais cobarde.

Nesta cena de extermínio, entraram em acção, em alegre sintonia, a América de Guantánamo, a América de Wounded Knee e a América fascista do Klu Klux Klan.

São séculos de civilização o que separa estas imagens da televisão americana da justiça praticada na Europa.

DSK é culpado? Eis a pergunta que compete à justiça elucidar.

Mas, para julgar DSK, a justiça americana não precisou de debate instrutório, nem de julgamento. Já decidiu, o homem é culpado.

A sentença foi lavrada pela televisão.

Tout ça me rapelle l’afaire Dreyfus!

Mas, nada disto vai ficar por aqui, espero, confio na França.

Deus nos livre da América!

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